Morro de Castelo Branco
O Morro do Castelo Branco é um dos mais conhecidos e panorâmicos locais de interesse da ilha do Faial, e como local singular que é, dá também o nome à freguesia de Castelo Branco. Este imponente domo traquítico forma uma península de arribas mergulhantes que se prolongam na zona submersa. Na parte mais superior do domo, a rocha traquítica apresenta-se muito alterada, evidenciando, por isso, uma coloração esbranquiçada típica (daí a sua designação), quase parecendo açúcar. Este é um importante local de nidificação de aves marinhas como o Calonnectris borealis (cagarro), o Sterna hirundo (garajau-comum) e o Puffinus lherminieri baroli (frulho).
A Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies adjacente à Reserva Natural do Morro de Castelo Branco, localizada na plataforma no topo da arriba costeira, tem vindo a ser intervencionada desde os anos 90 do século passado. No entanto, estas ações foram de carácter bastante esporádico e dificultadas devido à existência de vários terrenos particulares, usados essencialmente para pastagem de gado bovino e onde os proprietários usavam com frequência o Arundo donax (cana) para delimitação dos terrenos. O pouco controlo que era feito sobre esta espécie acabou por levar à contaminação de toda a área protegida e ao recuo das manchas de vegetação nativa.
Outro dos grandes problemas deste local relativamente remoto era o facto de ser usado como lixeira a céu aberto, atraindo um grande número de animais predadores como os ratos, cães e gatos, que perturbavam os ninhos das espécies de aves marinhas que nidificam neste local.
Com a aquisição de grande parte destes terrenos entre finais do séc. XX e início do séc. XXI pelo Governo Regional dos Acores, as intervenções começaram a ser mais regulares e efetivas. No entanto, devido a falta de recursos e verbas para o efeito, eram muito pouco intensas e demoradas.
Com a integração da área no PRECEFIAS (Plano Regional de Erradicação e Controlo de Espécies de Flora Invasora em Áreas Sensíveis) em 2013, foi finalmente possível por em prática um plano de recuperação desta importante área de conservação, que levou à resolução dos vários problemas. Desde logo a continuação da remoção do passivo ambiental existente que era constituído por lixo, entulhos e monstros ferrosos de várias dimensões. Seguidamente o controle sistemático de espécies invasoras como Arundo donax (cana), Carpobrotus edulis (chorão) e Ipomoea indica (bons-dias) e a plantação de milhares de exemplares de espécies autóctones produzidas nos viveiros do Jardim Botânico do Faial, como Festuca petraea (bracel-da-rocha) e Erica azorica (urze). Estas ações, levaram a uma efetiva transformação da paisagem e recuperação ambiental do local. Nesta fase foi ainda feito o controle de Arundo donax (cana) na parte superior do Morro.
Em 2015 foi efetuada uma grande intervenção de ordenamento e recuperação de toda a área adjacente ao Morro, tendo sido instaladas infraestruturas de receção e encaminhamento dos visitantes ao local (parque de estacionamento, acessibilidades a pessoas de mobilidade reduzida, caminhos de serventia às parcelas agrícolas e infraestruturas aeronáuticas) e uma rede de percursos pedonais e áreas de lazer. Foi ainda construído um pequeno anfiteatro, com a interessante finalidade de permitir a observação e escuta noturna dos cagarros no seu regresso aos ninhos. Os trabalhos de controlo de espécies invasoras e sua substituição por vegetação autóctone foram sempre uma constante. Nesta fase foram introduzidas no local várias espécies endémicas, incluindo Azorina vidalii (vidalia).
Em 2018, esta área foi definida como área de intervenção do LIFE VIDALIA e encontra-se na zona costeira adjacente ao Morro, no topo da arriba costeira, de um e outro lado do istmo. São cerca de 5,5 ha de raros habitats costeiros constituídos por charnecas macaronésicas dominadas por Erica azorica (urze). Apesar de todos os esforços desenvolvidos até esta data, a área ocupada por espécies exóticas invasoras é ainda bastante grande e existe a necessidade de dar continuidade aos trabalhos de restauro ecológico e à proteção da população de Azorina vidalii (vidália) existente, garantindo a sua sobrevivência e expansão.