O Diretor Regional do Ambiente salientou que o Governo dos Açores “tem sido bem sucedido” na captação de
recursos financeiros para reforçar a política de conservação do património natural, designadamente por via dos
três projetos LIFE em execução no arquipélago, que se traduzem num volume de investimento direto de
aproximadamente 23 milhões de euros.
Hernâni Jorge destacou ainda “o crescente investimento do Governo dos Açores na conservação da natureza e na
consolidação do património natural como um dos principais ativos da Região”.
O Diretor Regional falava segunda-feira durante uma visita aos trabalhos de controlo de flora invasora nas
vertentes rochosas do Caldeirão do Cabeço Verde, no Faial, cuja primeira fase decorreu durante quatro dias e teve
de ser realizada por uma equipa da associação Os Montanheiros especializada em trabalhos em altura e verticais.
Esta intervenção de “recuperação do habitat de uma população única de ‘Azorina vidalii’ contou ainda com o
reforço de 280 novos indivíduos”, executada no âmbito do projeto LIFE VIDALIA, salientou.
“A população de ‘Azorina vidalii’ do Caldeirão do Cabeço Verde está localizada entre os 320 e os 350 metros de
altitude e a cerca de dois quilómetros da linha de costa, sendo a única que se conhece nos Açores situada acima
dos 250 metros de altitude e, sobretudo, tão distante da costa”, afirmou Hernâni Jorge.
No sentido de recuperar este habitat único, o Diretor Regional adiantou que a área de intervenção definida no
âmbito do projeto LIFE VIDALIA abrange a zona de ocorrência da vidália e ainda uma outra, em seu redor, “de
forma a criar condições de expansão da população da espécie, contemplando trabalhos na parede rochosa, ou
seja, libertando as fendas da vertente rochosa virada a sul do interior do Caldeirão”, onde se desenvolve a
‘Azorina vidalii’.
“Atualmente, com o LIFE VIDALIA em curso, é possível colocar em prática todos os conhecimentos adquiridos no
Jardim Botânico do Faial ao longo de décadas de trabalho com esta espécie, no sentido de aumentar o número de
plantas de vidália existentes nas chamadas ilhas do Triângulo”, abrangidas pelo projeto, que começou em 2018
com a recolha de sementes no local e a sua conservação no Banco de Sementes dos Açores.
Posteriormente, procedeu-se à sua propagação no viveiro do Jardim Botânico do Faial onde, revelou Hernâni
Jorge, já “existem cerca de 500 plantas prontas a serem introduzidas no local para reforço populacional,
propagadas a partir das sementes recolhidas da população original”.
O Diretor Regional do Ambiente adiantou também que “a plantação destas espécies será faseada” e apenas terá
lugar “após uma intervenção de controlo das espécies invasoras presentes”.
O projeto LIFE VIDALIA, coordenado pela Direção Regional do Ambiente, tem como principal objetivo melhorar o
estado de conservação das espécies de flora endémica protegidas ‘Azorina vidalii’ e ‘Lotus azoricus’, nas ilhas do
Pico, Faial e São Jorge, com um investimento global de cerca de 1,8 milhões de euros.
GaCS/DRA